segunda-feira, 13 de outubro de 2014


-Lucas Maltez Assis dos Santos   1ºMA

  1. Sorrio quando penso
  2. Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso
Distanciado
Dos teus livros políticos
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
           
I smile when I wonder
Where in your room
You keep my verse.
Away from your
Political books?
In the first drawer
Close to the window?
Do you smile when you read
Or are you tired of seeing
Such abandon
Amorous spark
On my ripened face?
Do I seem beautiful
Or am I to you
Too much of a poet, perhaps,
And not serious enough?
What does the man think
Of the poet? That there’s no truth
In my drunkenness
And that you prefer
A friend more peaceful
And less adventurous?
That you simply cannot
Keep in your room
Worldly traces
Of my passionate words?
Do you see me as mad?
Do you see me as pure?
Do you see me as young?
Or is it real
That you never knew me?       
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  1. É bom que seja assim, Dionísio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora
E sozinha supor
Que se estivesses dentro
Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora
Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar a tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.
           
It is as it should be, Dionysus: do not come
Voice and wind only
Of the out there
Supposing alone
That if you were inside
This important voice, this wind
of the branches out there
Would never reach me. Absorbed
I would listen
To the essence of your song. Do not come, Dionysus,
For it is better to dream your roughness
And every night, savour victory anew
Thinking: tomorrow, yes, you will come
And tomorrow will be a time of plenty:
Every night, I Ariana, making ready
Fragrance and body. And a verse every night
Unfolding from the wisdom of your absence.    

: (Poemas de Hilda Hilst, traduções para o inglês de Beatriz Bastos )

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